EM HOMENAGEM A JOHN T. DOCKERY E J. PINTO PEIXOTO
Medida de Coesão para Portugal e Distrito da Guarda:
A desertificação do interior é o sintoma, trate-se da causa que está nos locais de elevada densidade populacional e o Interior e Portugal recuperarão
F. Carvalho Rodrigues
Casal de Cinza, 28 de Julho 2021
Surgiu por volta de 1850 pela mão de
um Escocês Rankine. Aconteceu como uma grande
surpresa: parte do calor que um
corpo quente pode passar para um
corpo frio é rejeitado.
Na interacção, que é o calor, esta
parcela que a fonte fria não aproveita, não se transforma em energia livre, não produz trabalho. Levou
algum tempo, mas soube-se, então, de uma quantidade
que estava relacionada com o calor recusado pela fonte fria. Chamou-lhe, em 1865, o Alemão Rudolf Clausius, entropia.
Verificaram que num sistema que não trocasse
nem matéria nem energia com o seu exterior, ou seja, num sistema fechado
crescia sempre. Encontraram uma relação de
proporcionalidade entre a entropia e o calor desperdiçado. A constante de proporcionalidade é o inverso
da temperatura. Para o mesmo calor quanto maior
a temperatura, menor a entropia. Para o mesmo número de interações, o calor, quanto maior a temperatura menor é a quantidade de entropia. A entropia existe no
intervalo entre zero, para uma temperatura infinita, e o infinito para
uma temperatura igual a zero.
Mas
persistia a ignorância da razão porque
a fonte fria recusava sempre
uma parcela de calor com que a fonte quente
podia interagir com a fonte fria. Ou seja, havia
uma parte da energia com que a fonte quente interagia com baixa entropia
que a fonte fria que tinha uma energia a muito
alta entropia não estava disposta
a aceitar.
Há então múltiplas qualidades de
energia. Essa qualidade distingue-se pela sua entropia. A melhor é a energia com baixa entropia
porque dá a possibilidade de realizar trabalho. A pior é a energia com muito alta entropia. Seria interessante que
nos rótulos estivesse não só a energia
como a entropia. Assim, sim, podia saber-se quantitativamente se uma forma de produzir
energia é melhor que outra. Ou
seja, em vernáculo, qual é menos
poluente.
Seja como for, era preciso então saber
porque havia este comportamento, esta rejeição de parte da dádiva. O
corpo frio não aceita todo o calor
que o corpo quente quer e
pode dar.
Coube a Ludwig Boltzmann descobrir
porque assim era. Com a descoberta fez avançar o entendimento do Mundo e da Vida muitas ordens de grandeza. É o
pilar onde hoje quase tudo em ciência e a vida assentam.
A descoberta de Boltzmann exigia
a existência de átomos. Havendo
átomos a energia
de um sistema fechado (onde não entra, nem matéria, nem energia)
distribuía-se seguindo a curva exponencial, 2X. Nos sistemas da natureza
quer dizer que vinte por cento dos átomos têm
oitenta por cento da energia. Nesses vinte por cento de átomos a energia também
se distribui da mesma maneira. Ou seja, dentro dos
vinte por cento , há vinte por cento ou seja 4% que detêm oitenta por cento de oitenta por cento da energia ou seja
64%. Nesses quatro por cento que têm
sessenta e quatro por cento da energia, essa energia também se distribui na mesma proporção. Isto é, vinte por cento
de quatro por cento, ou seja 0,8% do total de
átomos ficam com oitenta por
cento de sessenta e quatro por cento da energia, o que dá, 51,2%.
Grosso modo 1% dos
átomos levam consigo 50% de
energia.
A censura
que os Colegas Professores e Cientistas fizeram
a Ludwig Boltzman;
a perseguição do poder político que gere a Ciência,
que em cada momento se apropria da verdade e que deambula pelos corredores cheios de cientistas na corte do
Poder, fez-lhe a vida tão negra que
Boltzmann veio a suicidar-se como resultado dos seus Pares. Está sepultado em
Viena e na pedra tumular não tem nome, tem apenas
a fórmula com que ligou o calor rejeitado com a entropia
e a distribuição de energia pelos átomos.
Para o tempo que durar a pedra e a inscrição
todos saberemos quem ali está.
Claro que aquilo
a que chamo a seita, que encha meia Universidades de “O meu Caro Colega”,
tiveram que aceitar a evidência e por
muito que tenham os nomes nos seus papers e certamente, em placas
e no mausoléu ninguém a partir dos trinetos saberá porque existiram.
O certo é que o resultado da
distribuição da forma 2X é
num gráfico que em escala logarítmica é uma linha
recta:
Fig. 1 – Exponencial
em escala linear e em escala
logarítmica
Vilfredo Pareto (1848 - 1923) verifica
que na propriedade rural também
eram vinte por cento dos proprietários que detinham oitenta
por cento da terra e que um por cento inevitavelmente tinha cinquenta por cento das terras.
Mas
foi George Kingsley
Zipf (1902 –1950)
que a estudar a distribuição de palavras em obras literárias descobriu que 20% das palavras
explicam oitenta por cento do texto ou no fim 1% por cento das palavras enchem 50% das páginas independente de
qual o idioma usado na escrita.
Não tardou que se constatasse que vinte por cento dos escritores editavam oitenta por cento dos livros que são lidos. Vinte por cento dos compositores, oitenta por cento da música que se ouve. Vinte por cento dos sites são os que oitenta por cento de nós procuramos. Vinte por cento dos pintores representam oitenta por cento da pintura que vemos. E o que se quiser em grandes números é sempre isto: vinte por cento/oitenta por cento. E um por cento dos jornalistas escrevem cinquenta por cento das notícias que lemos. Um por cento dos jornalistas na televisão são os que vemos cinquenta por cento das vezes. Um por cento dos políticos produzem e influenciam cinquenta por cento da política. Quatro por cento dos Deputados fazem sessenta e quatro por cento das intervenções no Parlamento. E etc...Por isso não nos admiramos com a notícia muitas vezes repetida, como se não se aplicassem sempre, que 1% dos humanos detêm 50% de toda a riqueza. Não são sempre os mesmos a estar no 1%, mas são sempre um por cento.
Os 20% que explicam 80% ou seja os 1%
que explicam 50% não são sempre os mesmos. São
é sempre 20% ou seja 1%. No caso das sociedades Humanas, a mudança é
feita quando um grupo convence os
destituídos, 80% que só têm 20%, se forem para o poder nivelarão a exponencial. Até hoje o que tem acontecido
é que uma vez dada a mudança aquele grupo passa
a ser constituído pelo 1% dos que têm 50%. Entretanto fazem promessas e
produzem sofrimento. Mas como me disse o Sr. Bispo de Setúbal,
Dom José Ornelas na despedida de uma
conferência Internacional organizada pelo Instituto Superior de Teologia de
Setúbal, e nunca mais esquecerei: “de
tudo o que disse o problema dos 20% / 80% é o que temos que resolver”. Na verdade é a causa da postura
beligerantemente activa dos EUA, EU, Rússia,
India e China. É para encontrar a nova partilha, é para se saber
quem são os novos 20%.
Por
fim apliquemos a um País e à distribuição da sua População
o que sabemos da distribuição de equilíbrio.
Há dois casos extremos: Um, representado na Fig. 2 em que todos os Concelhos têm a mesma população,
Tem a máxima diversidade, consome
muito pouco, produz muito muito pouco, mas a
entropia exportada é baixíssima.
No outro extremo, Fig. 3, toda a população
está num só concelho
Fig. 3 - Toda a População num só Concelho ou X = ∞
A energia e a matéria para manter esse
estado seria imensa, o trabalho realizado nulo e a entropia que com muitos casos se pode equacionar
como poluição seria extrema.
Entre os dois casos extremos da Figura 4,
Fig. 4 - Os dois casos extremos com
que não é possível fazer trabalho: o da máxima
diversidade em que todo os Concelhos tivessem a mesma População a poluição
exportada é Minima e aquele em que
toda o População está concentrada num Concelho onde a exportação de Poluição é Máxima. A distribuição de População
pelos Concelhos para gerar um sistema que faça trabalho, que seja
orgânico, X da exponencial 2X tem que ser igual a um.
Para X=1 a distribuição é a que
a Fig. – 5 mostra:
Fig. 5 – Distribuição orgânica
e funcional e portanto coesa
Quando X é menor que um, como se vê na
Fig. - 6 o trabalho que se realiza é baixo embora a exportação de entropia
também seja contida.
Fig. 6 - Distribuição de população que é muito pouco poluente,
mas que não rende trabalho
Finalmente com X maior que um a distribuição na Fig. - 6 mostra
que o sistema vai consumir
grandes quantidades de massa, de materiais e energia com pouca
competitividade e muita exportação de entropia
Fig. – 6 . O ideal é uma distribuição de População
por Concelho o mais perto possível com um pendor de X = 1
Para Portugal a série de 1900 -2012
Para os anos de 1900 até 2012 a evolução
da distribuição de População por Concelho em Portugal
Os dados da população de cada concelho
estão publicados oficialmente desde 1900 até 2012. É, então, possível saber qual é o
expoente da exponencial da distribuição de Boltzmann que alguns dizem de Zipf ao longo de um século. Para se obter
basta ordenar os concelhos de tal maneira que o número
1 seja o que tem mais população, o número 2 o que vem a seguir em número
de habitantes e assim sucessivamente
medir a inclinação nos gráficos que se seguem.
E de 1900 a 2012 como
os censos publicados
entretanto:
1900 - 2012
Para Portugal fica demonstrado o incremento
da desertificação acompanhado de um crescimento
acelerado de população nalguns concelhos. A partir dos anos oitenta é visível que existe um grande abaixamento da população
no interior e um crescimento acentuado nalgum litoral.
Passou-se, então, a ter uma atenção redobrada, intensa para que a
desertificação parasse centrando os meios para combater, travar o êxodo
na região de baixa
densidade populacional ao mesmo tempo que se descarregavam meios que geraram
a multiplicação exagerada de um gradiente fiduciário que levou gente sem fim para zonas de enorme densidade
populacional, baixa produtividade e geradora de muita entropia.
No entanto, se olharmos para 2012 vemos que tudo
piorou. Na zona desertificada a velocidade
a que a população diminuía era
cada vez maior. Quando se mede o valor de X da exponencial em 2012 para os concelhos de Lisboa,
Sintra, Cascais, Vila Nova de Gaia e Porto, X na distribuição de Boltzmann/Zipf é 1,7; a seguir alguns concelhos
estão sobre uma recta com X igual a
1,3. Depois um conjunto alinhado num segmento de X igual a 1 a que se segue
mais tarde muitos com x igual
a zero.
Alguém que faça para anos mais
recentes que eu não tenho os dados (defeito meu). Com o cálculo sobre os dados até 2012 resulta que andamos a tratar
da desertificação e cada vez o País
está mais exangue, exausto e pobre. Todos concentrámos as nossas forças, imaginação e preocupação no interior e nunca para as
regiões que têm consumos brutais de matéria e
energia, que são fontes de jorrar poluentes e de custos cada vez mais
altos que arrastam a competitividade
cada vez mais para baixo. Quer então dizer que tratamos e todos nos concentramos a cuidar da desertificação do interior e nunca nos questionámos se a desertificação não era apenas
a consequência, o sintoma, e não a verdadeira causa.
A causa não estava naquele
território que se ia aceleradamente abandonando mas noutro
repleto de gente e de atracção.
Ao
olhar para distribuição da população da figura anterior só me ocorre, por a
entropia ser tão alta, que o mal não
está no interior, está nos concelhos que estão
em especial no segmento de
recta com X igual a 1,7. Os que
definem o segmento de recta com X igual
a 1,3 de uma forma menos intensa
também contribuirão. São os Concelhos do excesso e da destruição pela brutal poluição que geram. Sem que alguém
planeasse, quisesse, desejasse é na distribuição da populaçao pelos concelhos do País que estão nos pendores 1,7 e 1,3
onde reside a doença, a causa da desertificação e no fim, o fim.
Aqueles concelhos
estão excessivamente povoados, tudo consomem e tudo poluem com as exportações enormes
de entropia ao mesmo tempo que por essa
razão são os grandes atractores porque os indivíduos, tal como as células, vão para
onde têm mais abundância e mais de tudo o
resto.
Deixo uma história real e recente para
ilustrar este tratar dos sintomas, em vez da razão de ser dos sintomas;
houve um dia que um cão de Serra que adoro apareceu
com uma pata com uma ferida e uns nódulos e a Veterinária iniciou o tratamento. Depois de grande insistência e esforço para curar a infecção na pata que estava sempre e cada vez mais doente, um dia, a Veterinária da Animalvet na Guarda, a Sr.ª Dr.ª Maria João, resolveu fazer análises e testes. O Farrusco tinha um cancro. De
todo não sabia que havia quimioterapia para cães, mas há. O Farrusco fê-la durante três meses. O cancro foi eliminado e a pata do Farrusco
sem ser tratada
sarou por si. Ou seja:
Enquanto nos tínhamos
concentrado em tratar
dos sintomas, a ferida na pata, mas não da doença que a provocava, o cancro, nada funcionou. De facto a ferida
na pata só piorava.
As células cancerígenas são as mais bem
alimentadas, mais irrigadas pelo sangue, têm de tudo em excesso. O corpo esse definha-se porque todas as células
querem aceder a esta maior abundância.
Células sãs levadas a tornam-se cancerígenas e tudo quanto é energia armazenada no corpo, sob qualquer forma,
desde gordura a tudo o resto, é levada para o
crescimento de cada vez mais células cancerígenas até que consumida toda a
matéria (mesmos os gordos ficam muitíssimo magros)
e energia se passa de orgânico e funcional (vivo) para morto.
O que a figura mostra é que a solução
está em dissuadir o crescimento da população,
proporcionar que até decresça nesses concelhos e seguindo a metáfora do
Farrusco se nos concentrarmos na cura da doença que está nas grandes concentrações com
excessivos consumos e brutais níveis de exportação de entropia, leia-se
poluição e produtividade mínimas, o sintoma, que é a
desertificação, aliviar-se-á por si nos territórios do interior.
Tomar sintomas, pela doença que as causa, foi o que todos temos feito até hoje. Embora se faça excelente ciência em Portugal, ainda não faz parte da equação.
Apregoam que acreditam, em Portugal, em Ciência e Engenharia de todos os tipos. Vamos
ver se sim ou se não.
Pode ser visto em https://www.youtube.com/watch?v=45o2f07EwJc&t=23s (Jornal Económico, Altice , IPG, Inovação fator desenvolvimento Região Centro 2019-10-01) ou em
https://www.youtube.com/watch?v=sQdY6-L4-_w&t=837s (Millenium BCP, Conferência “A Viagem “, 2006)
P.S. Escrito acrescentado em Casal de Cinza, 6 de Agosto de 2021
Entretanto, foi publicado
o censo de 2021, e a última figura incluindo 2021 passou a ser esta:
MEDIDA DE COESÃO DISTRITO DA GUARDA
F. Carvalho Rodrigues
Casal de Cinza, 18 de Agosto 2021
2011 - 2021
PARA 2011 - 2021 COM X = 0,900 ESTÁ MUITO PERTO DE UM SISTEMA
HARMÓNICO E COESO
ANO 2021
PARA 2021, COM
X = 0,8994 AINDA ESTÁ PERTO DE UM
SISTEMA HARMÓNICO E COESO
Portanto, o Problema da Coesão de
Portugal não está aqui, neste
interior.
A causa da quebra de Coesão de Portugal está onde
todos os dias se vela por ela, para, quase sem querer, por ignorância, a
aumentar.
O problema da Destruição da Coesão, que ficou provado
ter origem nos Concelhos com grandes densidades Populacionais, já se sabia, pelo menos há trinta anos, que
são os maiores responsáveis pelo aquecimento;
Sobre as grande cidades a temperatura é pelo menos
3,3oC mais elevada:
0] F. Carvalho
Rodrigues, F. Martins,
"Characterization of scarcely
populated regions in Portugal or Thank God the sea level is rising" read to the Lisbon Academy of Sciences
on the 4th April 2019
JÁ CHEGA, DE SENTIMENTO DE CULPA, DOS DO INTERIOR, PELA DESERTIFICAÇÃO;
ResponderEliminarJÁ CHEGA, DE CANDIDATOS E DE PARTIDOS, QUE NO INTERIOR,
VIVEM NO MEDO DE NÃO ESTAREM DE BEM
COM O QUE NÃO SÓ NÃO NOS FEZ PERDER DA POBREZA
MAS QUER AINDA FAZER-NOS PERDER A AMBIÇÃO
CORROENDO, NESSE PROCESSO, PORTUGAL
EM HOMENAGEM A JOHN T. DOCKERY E J. PINTO PEIXOTO
Medida de Coesão para Portugal e Distrito da Guarda:
http://freguesiacasalcinza.blogspot.com/2021/08/medida-de-coesao-para-portugal-e.html
Exemplificada com o coportamento de Célula Cancerígena detectdo pelo trabalho Jornalístico de Tiago Girão https://www.youtube.com/watch?v=xH2P1NzLlKs
Ilustrada com Artigo de investigação pelo Jornalista Dogo Cavaleiro:
https://expresso.pt/economia/2021-08-26-Cidade-de-Lisboa-tem-mais-bancos-do-que-16-dos-distritos-portugueses-7a407df1